quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

DESABAFOS

Hoje estou deprimida, ao descobrir um Blog pelo qual me indentifico bastante- http://diariodeumamama.blogspot.com, fez-me reviver e recordar, momentos, sentimentos e dores que estavam adormecidas. Recordo tristemente a minha infância, pois não a vivi em pleno, fui privada de brincar- brincava ás escondidas,de descobrir, para ter de lavar loiça, aspirar, lavar. Lembro-me de querer morrer, de querer fugir, de chorar. Um dia caí,parti o braço e andei 3 dias com o braço partido, porque sabia que se dissesse,levava porrada, foi o meu pai que descobriu num dia quando chegou a casa e me encontrou deitada, com febre, sem forças e branca, mais um dia e tinham de me tirar o braço, arrisquei a minha vida pelo medo, e eu vivia com tanto medo, medo de ser apanhada a brincar, a escrever- era o meu refúgio, ás vezes até mesmo de sorrir. Desculpa MÃE, Desculpa PAI, mas eu não consigo esquecer, não consigo esquecer o que sofri, o que chorei, o medo que tinha de falar, de sorrir,tinha no meu diário o meu companheiro, nunca mais o abri, com medo de voltar a reviver o passado, com vergonha de ler o que escrevi, com alegria de não ter feito o que ainda pensei. Nunca os culpei, pois foi a forma que eles sabiam educar, talvez por também terem tido uma infãncia difícil, de a minha mãe com apenas 17 anos ter fugido de casa sem nada e com um bébé na barriga, desde cedo teve de aprender a fazer tudo sozinha e ainda criar a minha tia, sem qualquer apoio, nunca teve uma mãe nem um pai para a apararem na queda, para desabafar, para pedir ajuda, para chorar. Dizias que eu era muito teimosa, traquinas, mázinha, já pensa-te se essa não era a minha maneira de te chamar a atenção, de dizer-te que estou aqui, que queria ser CRIANÇA, já pensas-te se não era eu a pedir-te que me ouvisses, que me desses atenção, nem sei se era revoltada, acho que era apenas uma criança triste que nem sabia o que era revolta eu só queria ser CRIANÇA e deixar de sentir tanto medo. OBRIGADA MÃE, por teres reconhecido que erras-te, que foste muito severa, muito autoritária,tu nem sabes o quanto me ajudou há 7 anos atrás, teres admitido o teu erro, pois era a mim quem eu me culpava, culpava-me por ser assím, por querer viver a minha infância, quando tu também não a tiveste e não penses que coloco em causa o teu amor, pois acredito que era a tua maneira de amar, eu é que talvez não a soube aceitar. Hoje sou eu mãe e tal como tu não sei se os estou a educar da melhor maneira, mas tento não os rodear de medo, de ameaças, de gritos, e tu sabes que eles são felizes, sabes que vivem num ambiente rodeado de amor, harmonia, alegria, tentei passar aos meus filhos tudo aquilo que gostava de ter tido e que de certa forma tenho agora, mas nunca é tarde. Perdou-vos mas nunca vou esquecer, hoje somos uma familía a sério, tal como já tenho dito CONSTRUÍ O SONHO, mas á custa de muito sofrimento e de muitas desavenças familiares, e não me arrependo, pois cansei de viver com a inveja e o medo de falar e de agir, hoje apesar da familía estar mais pequena devido a tais desavenças, sou UMA MULHER FELIZ, em paz, sem medo e rodeada daqueles que eu amo, que me amam verdadeiramente e me aceitam como sou.

6 comentários:

Sandra disse...

Ai amiga:

Não consegui conter as lágrimas...

Deixo aqui um abraço apertadinho e FORÇA, MUITA FORÇA, para ultrapassares essas mágoas grandes...

Tal como dizes, hoje tens a tua familia e isso sim amiga, é que importa. Reina a harmonia e o Amor e isso é de louvar!


Um beijo grande e se precisares de mim, se quiseres desabafar... sabes como me encontrar.


Xi-coração

cilinha disse...

desculpa mas nao sei por onde começar..... fiquei sem palavras ...mas fizeste-me chorar ,nao sei o que te diga ...ma o que importa é que es feliz tens uma familia,como sempre sonhas-te ,nao tenho mais palavras ,um abraço muito apertadinho e um beijao amiga.

Tânia,Ângelo e Martim disse...

Muita força para ti, pelo que escreves não deve ter sido mesmo nada fácil, nem consigo imaginar..
o bom é saber que superaste e que ag és FELIZ isso é que importa!
Beijocas npssas

Unknown disse...

Desculpa a intromissão, mas não pude deixar de ler o teu post. Deixou-me um nó na garganta. Nem sei que te dizer, mas que a tua infância não foi fácil, não duvido. Sou filha de pais separados, até aos 10 anos senti raiva do meu pai, por nos ter abandonado, até aos 15 simplesmente ignorei, a partir daí procurei-o, tivemos os nossos desentendimentos, hoje convivemos melhor, ele está doente, tem cancro. Hoje pediu-me uma coisa que me deixou chocada. Fotocópias dos meus documentos e da minha irmã, para deixar tudo em ordem, no caso de acontecer algo. Já o perdoei há muito tempo, por toda a pancada que me deu, mas tal como tu hoje tenho a minha familia, tenho os meus filhos que adoro e tive sempre a minha mãe ao meu lado.
Há sempre um tempo para perdoar.
Vou voltar mais vezes, se não te importares.
blogando-me1.blogs.sapo.pt

Bjs fofos

Anónimo disse...

Lamento que o meu post a tenha feita recordar coisas tão tristes.
Por vezes falar (escrever) faz bem à alma.

Fico feliz que a sua mãe tenha reconhecido os seus erros no tempo certo.
Sei que não estámos sozinhas, que há casos bem piores infelizmente...mas doi, e é uma dor que parece não querer passar...

Temos de ser fortes, agarrar o presente e viver o melhor que soubermos!

Beijinhos
Sónia

Portuguesinha disse...

Somos tantos...

E sempre à espera de um "desculpa" milagroso, que nos tira muito de cima...

Ainda bem que tiveste o teu.

Por vezes não chegam a tempo. Por vezes, é tarde demais. Por vezes, o orgulho recusa-se a deixar que a pessoa se redima dos erros, admitindo-os a quem mais magoou.

Cumprs.